O livro póstumo de uma das mais singulares figuras da literatura e da vida portuguesas apresenta as memórias dos anos da adolescência revividas e comentadas pela própria. Leonor Xavier encontrou, num dia de arrumações, entre papéis e postais, o relato esquecido da sua adolescência: a vida, o tempo e a descoberta em «Adolescência».
O diário que Leonor Xavier manteve entre 1956 e 1960 é o maravilhoso livro de memórias de uma das personalidades mais singulares da literatura portuguesa. Adolescência, que guarda as inquietações, os desacertos, os sofrimentos, as teimosias e as incertezas próprias de todas as adolescências, chegará às livrarias portuguesas numa edição lindíssima e ímpar da Temas e Debates, homenageando a autora que partiu recentemente.
«O meu diário descreve a vida privada em casa de família, e a vida exterior, nos estudos, nos convívios, nos rituais, nos espaços abertos. O conflito com os pais no dia a dia de regras, de falhas, de culpas. Os tempos dos irmãos. A amizade, o sentimento sensual de pertença. Os sinais do corpo, o existir da sexualidade, na ansiedade do querer saber.» Leonor Xavier fala-nos na linguagem verdadeira e transparente de uma adolescência vivida durante o Estado Novo, onde o silêncio só podia ser quebrado nas páginas do seu caderno.
«No país a preto e branco onde vivemos, não há voz nem liberdade de expressão, assim somos formados e educados, os nascidos nos anos 40, adolescentes no rigor da década de 50, jovens adultos na instabilidade dos 60. Existe censura no meu país censurante, onde toda a palavra ou gesto é observado, notado, apontado, julgado pelos outros. Para sim ou para não. O sim é o reparo, a crítica, o maldizer, é o escárnio, o murmúrio. O não é o saber estar sem som, sem exprimir emoção, além de agrado, em modo de conveniência e cerimonioso sorriso.»
Da Introdução
Todas as entradas do diário são confrontadas com um um comentário da autora igualmente transparente, simples e verdadeiro feito com o distanciamento de quem está no presente a pensar num passado distante. «No país a preto e branco onde vivemos, não há voz nem liberdade de expressão, assim somos formados e educados, os nascidos nos anos 40, adolescentes no rigor da década de 50, jovens adultos na instabilidade dos 60. Existe censura no meu país censurante, onde toda a palavra ou gesto é observado, notado, apontado, julgado pelos outros. Para sim ou para não. O sim é o reparo, a crítica, o maldizer, é o escárnio, o murmúrio. O não é o saber estar sem som, sem exprimir emoção, além de agrado, em modo de conveniência e cerimonioso sorriso.»
Sinopse:
Retrato de uma época do século XX português, desfile de preceitos e costumes, de adjetivos e expressões hoje desaparecidos em jeito de dizer, no quotidiano da nossa fala, o diário de Leonor Xavier guarda as inquietações, os desacertos, os sofrimentos, as teimosias e as incertezas próprias de todas as adolescências.
Sobre a autora:
Jornalista e escritora, Leonor Xavier nasceu em Lisboa em 1943 onde também viria a falecer no final de 2021. Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, viveu no Brasil entre 1975 e 1987, onde foi correspondente do Diário de Notícias no Rio de Janeiro,. Iniciou-se no romance com Ponte-Aérea, seguindo-se O Ano da Travessia e Botafogo. Biógrafa de Maria Barroso e de Raul Solnado, é autora do livro de crónicas Colorido a Preto e Branco, da autobiografia Casas Contadas (Prémio Máxima de Literatura 2010), da narrativa Uma Viagem das Arábias, dos livros de entrevistas Peregrinação e Portugueses do Brasil & Brasileiros de Portugal. Na Temas e Debates publicou Portugal – Tempo de Paixão, Rui Patrício – A Vida Conta-se Inteira, Doze Mulheres e Um Almoço de Natal, Passageiro Clandestino (Prémio Frei Bernardo Domingues 2016) e Há Laranjeiras em Atenas.
Sobre o livro:
Género: Literatura / Memórias e Testemunhos
Formato: 15×23,5 cm
Nº de páginas: 208
Encadernação: Dura
PVP: € 16,60
ISBN: 9789896447236