Opinião «As Intermitências da Morte» de José Saramago

Título: As Intermitências da Morte

Autor: José Saramago

Edição: Maio 2014

Páginas: 232

Editora: Porto Editora

ISBN: 978-972-0-04667-3

Sinopse

«No dia seguinte ninguém morreu.»
Assim começa este romance de José Saramago.

Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.

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Opinião

E se a morte fizesse greve, decidisse não matar? Não é o que o ser humano tem almejado desde sempre? Quais as consequências de tal evento? Estamos perante um livro sobre a morte, escrito com muita seriedade, mas também com muito humor e sarcasmo, sempre com a subjacente crítica social e política a que Saramago nos habituou, sendo um dos principais alvos a Igreja Católica, como de costume.

«(…) a vantagem da igreja é que, embora às vezes o não pareça, ao gerir o que está no alto, governa o que está em baixo.» (pág. 20)

A narrativa divide-se em dois momentos cruciais: o primeiro focado no geral, nas consequências de não se morrer num determinado país; o segundo dá destaque à morte enquanto personagem, virado para uma situação em particular.

Gostei bastante mais da primeira parte da narrativa que se centra no espírito humano, na ganância, na mentira da Igreja Católica, nos trâmites da vida política, no cinismo da sociedade.

«(…) para pouca vida mais vale nenhuma (…).» (pág. 113)

Já sabemos que a escrita de Saramago se caracteriza por frases muito longas, sem pausas para os diálogos, sem pontos de interrogação, parágrafos bastante longos repletos das suas divagações. É, por isso, um livro para se ler devagar, para se apreciar e deixar envolver.

«(…) as esperanças têm esse fado que cumprir, nascer umas das outras, por isso é que, apesar de tantas deceções, ainda não se acabaram no mundo (…)» (pág.223)

Decididamente, a leitura de As Intermitências da Morte é um exercício mental ao mais profundo do nosso ser, à humanidade fechada em si mesma, à estupidez humana. Gostei, mas não me arrebatou como o Memorial do Convento ou o Ensaio sobre a Cegueira.

«(…) a morte, por si mesma, sozinha, sem qualquer ajuda externa, sempre matou muito menos que o homem.» (pág. 119)

Boas Leituras ❤️

Author: Ana Rute Primo

Licenciada em Educação, com especialização em Pedagogia Social e da Formação, empreendedora e autodidata do mundo digital, apaixonada por livros (tanto faz que sejam em papel como em formato ebook), viciada em bibliotecas e livrarias, adora animais e a natureza, preza o silêncio e o bem-estar físico e emocional. Traz sempre a família no coração. Podem segui-la no instagram em https://www.instagram.com/anaruteprimo .

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