Diário – Volume 1 1953-1958 de Witold Gombrowicz

«Tornei‑me audaz porque não tinha absolutamente nada a perder: nem honras, nem ganhos, nem amigos. Tive de me encontrar a mim mesmo de novo e de depender apenas de mim, porque não podia depender de mais ninguém. A minha forma é a minha solidão.»

Buenos Aires, 1953. Witold Gombrowicz, polaco exilado cuja consagração era ainda uma miragem, escrevia as primeiras linhas — talvez das mais memoráveis em toda a literatura — deste Diário inclassificável, que só a sua morte interromperia em 1969. Destinadas aos leitores polacos da revista Kultura em Paris, estas crónicas estralejantes sobre uma miríade de temas, em que «cada palavra é escrita contra a corrente» e pura dinamite que rebenta com estrondo ideias feitas, converter-se-iam na magnum opus do autor.

Nada sai ileso: o efémero conforto das ideologias, a pequenez dos nacionalismos, o provincianismo literário, a arte politicamente comprometida e a humanidade em geral. No pano de fundo do exílio na Argentina, forçado pela guerra, assomam a magia da pampa, lampejos do quotidiano, a par de vultos como Silvina Ocampo, Jorge Luis Borges e Virgilio Piñera, e traça-se o retrato de uma mente brilhante e insatisfeita, de um iconoclasta e subversor em busca de uma identidade. Proibido pelo regime comunista na Polónia, Diário circulou clandestinamente e apenas em 1989 foi publicado sem os cortes da censura.

Crítica Literária:

«O Diário ocupa um lugar único na literatura contemporânea.»
Rita Gombrowicz

«Ter este livro nas minhas mãos deu-me uma grande alegria: mais cedo ou mais tarde, as personalidades fortes, como a de Gombrowicz, recebem o merecido reconhecimento graças à absoluta intensidade da sua existência.»
Czeslaw Milosz

«Diário de Gombrowicz não só nos ajuda a viver mas também nos torna mais inteligentes.»
Enrique Vila-Matas

«O Diário de Gombrowicz influenciou profundamente as minhas noções de identidade e literatura.»
Karl Ove Knausgård

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Sobre o Autor:

Witold Gombrowicz (1904-1969), romancista e dramaturgo, é, a par de Joyce e Kafka, uma das vozes mais originais da literatura do século XX. Passou a infância e a adolescência em Varsóvia, onde estudou Direito a contragosto, estreando-se na escrita com contos e crónicas publicados em jornais nos anos 20. Em 1939, depois da publicação de Ferdydurke (1937) na Polónia, desembarcou na Argentina, onde a guerra o apanhou de surpresa e ele se exilou até 1963. Com parcos recursos e isolado dos seus, foi nesta segunda pátria que escreveu o grosso da sua obra — Transatlântico (1953), nas pausas do trabalho burocrático dum banco em Buenos Aires, Pornografia (1960) e Cosmos (1965) —, debatendo-se com o desinteresse dos círculos literários argentinos e da comunidade polaca expatriada. Mestre da provocação, «implacável caçador de mentiras culturais» segundo Bruno Schulz, brindou-nos com uma personalidade e convicções maiores do que a vida e com uma obra intemporal assente na recusa de espartilhos e convenções.

Author: Sílvia Reis

Professora de Inglês e Alemão e tradutora é, hoje em dia, mãe a tempo inteiro e trabalhadora multi-funções em part-time. O pouco, muito pouco, tempo livre que lhe resta, é utilizado para ler. Podem segui-la no Blog O Dia da Liberdade, no facebook e no instagram.

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