O último dos colonos — Até ao cair da folha é o segundo volume das memórias de João Afonso dos Santos |
Depois de O último dos colonos – Entre um e outro mar, João Afonso dos Santos dá continuidade à evocação da sua experiência pessoal além-fronteiras publicando o livro O último dos colonos – Até ao cair da folha. Se o primeiro título tinha Timor como cenário, desta feita estamos perante um testemunho extraordinário das últimas décadas do mundo colonial em Moçambique. Um registo profundamente documentado, narrando a história viva do dia a dia, o cineclube, a intervenção cultural, os amigos, o trabalho como advogado, e o convívio fraternal com Zeca, que naquele recanto africano viveria uma das fases mais marcantes da sua obra criadora. Este relato é suportado ora por documentação esclarecedora — que procura resolver algumas questões históricas sobre as quais existiam versões contraditórias —, ora por fotografias e documentos pessoais.
Sinopse
Agora em Moçambique, onde viverão também os seus pais, José Nepomuceno e Maria das Dores, e os seus irmãos, Zeca Afonso e Mariazinha, o autor entra pela sociedade colonial da segunda metade do século xx. Descreve-a, vê as suas contradições, vê um mundo de opressão onde a beleza espreita tantas vezes, vê as batalhas dos democratas portugueses, o nascimento da insurreição da Frelimo, a guerra, a denúncia dos massacres, as manobras sujas do poder colonial e da PIDE, e a independência. Paralelamente ao interesse histórico desta resistência à ditadura, existe um outro grande ponto-chave na obra: é aqui relatada a presença de dois anos de Zeca Afonso no país, para onde foi como professor. Quando é expulso do Ensino e volta para Portugal, leva consigo uma música renovada, com uma clara influência africana, o que faz deste um momento importante da sua formação musical.
Sobre o Autor
João Afonso dos Santos
Foi advogado em Lourenço Marques e Beira (Moçambique), de janeiro de 1955 a setembro de 1975. Presidiu ao Cine-Clube da Beira e ao Auditório-Galeria de Arte dessa cidade, cuja comissão construtora antes dirigira. Foi diretor do jornal Notícias da Beira, após a revolução de 25 de abril de 1974. Integrou a comissão de descolonização de Moçambique em 1974 e 1975. A partir de setembro deste último ano, passou a exercer funções profissionais em Lisboa, onde reside. É autor, em parceria com Carlos Adrião Rodrigues, António Pereira Leite e William Gerard Pott, de O julgamento dos padres de Macúti (Edições Afrontamento), de algumas obras de carácter jurídico e ainda de José Afonso – Um olhar fraterno (Editorial Caminho).