Título: A Cadela
Autora: Pilar Quintana
Edição: Fevereiro 2021
Tradução: Pedro Rapoula
Páginas: 128
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722071314
Sinopse
Na costa da Colômbia virada ao Pacífico – num lugar onde a paisagem luxuriante contrasta com uma pobreza extrema e o homem é uma migalha diante da força dos elementos – vive Damaris, uma negra com cerca de 40 anos que toda a vida quis ser mãe. A sua relação com o marido tornou-se, aliás, fria e turbulenta à medida que o casal foi sacrificando tudo o que tinha à obsessão de Damaris e, apesar disso, ela nunca conseguiu engravidar.
Mas a vida desta mulher frustrada parece encontrar uma réstia de esperança no dia em que adopta a última cadelinha de uma ninhada. Só que, tal como os filhos nem sempre correspondem às ambições que os pais têm para eles, Chirli também não será a cadela com que Damaris sonhou.
Esta é uma novela brilhante sobre a maternidade, a traição, a lealdade, a culpa, e também sobre a relação enigmática e por vezes excessiva entre os donos e os seus animais. Uma história narrada pela voz confiante e madura de uma escritora que viu o seu livro ser traduzido em mais de uma dezena de línguas e chegar à final do National Book Award nos EUA.
Opinião
O que parecia ser uma história sobre o amor incondicional entre uma mulher e uma cadela tornou-se numa narrativa focada nos maus-tratos e traições de uma para com a outra.
É um livro sobre a resiliência humana, sobre a pobreza, sobre a culpa, sobre a ânsia de se ser mãe, sobre a inexistência de cuidados veterinários e sobre a supremacia do Homem sobre o animal.
Foi uma leitura estranha, muito gráfica e dura especialmente porque se refere a cães, animais de que tanto gosto e respeito. Adorei a caraterização de Damaris, uma mulher negra, forte e trabalhadora, personagem que nos acompanha ao longo de toda a narrativa. Só lamento o facto de, no final, a personagem perder toda a sua integridade. Talvez seja isto mesmo que nos faça refletir sobre os valores em que acreditamos e a facilidade com que, em algumas situações, abrimos mão deles. A expectativa que colocamos nos outros é somente a vontade individual de que esses outros sejam perfeitos, o que, inevitavelmente, nunca virá a corresponder à realidade.
Este livro não é para ser lido por pessoas que amam animais e que são facilmente impressionáveis.
Boas Leituras ❤️