Título: A Criança Que Não Queria Falar
Autora: Torey Hayden
Edição: Fevereiro 2007
Tradução: Maria Emília Ferros Moura
Páginas: 240
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722336840
Sinopse
Era uma criança de seis anos insociável, violenta, perdida num mundo de raiva e sofrimento… até encontrar uma jovem e brilhante professora.
Esta é a história verídica e comovente da relação entre uma professora que ensina crianças com dificuldades mentais e emocionais e a sua aluna, Sheila, de seis anos, abandonada por uma mãe adolescente e que até então apenas conheceu um mundo onde foi severamente maltratada e abusada.
Relatada pela própria professora, Torey Hayden, é uma história inspiradora, que nos mostra que só uma fé inabalável e um amor sem condições são capazes de chegar ao coração de uma criança aparentemente inacessível. Considerada uma ameaça que nenhum pai nem nenhum professor querem por perto de outras crianças, Sheila dá entrada na sala de Torey, onde ficam as crianças que não se integram noutro lugar. É o princípio de uma relação que irá gerar fortes laços de afecto entre ambas, e o início de uma batalha duramente travada para esta criança desabrochar para uma vida nova de descobertas e alegria.
Desde a sua publicação, em 1980, o livro já vendeu 8 500 000 exemplares no Reino Unido e foi traduzido em 27 línguas, tendo sido um bestseller em vários países.
Opinião
Como não leio sinopses, quando dei início a esta leitura pensei que ia ler ficção. Depressa me apercebo que se trata do testemunho de uma professora, a própria autora, Torey Hayden, acerca da sua experiência com um grupo de crianças problemáticas e de uma menina, Sheila, em particular.
«Por trás daqueles olhos hostis, havia uma menina que já aprendera que a vida não é muito divertida para ninguém; e a melhor forma de se proteger da rejeição dos outros consistia em ser-se o mais detestável possível.» (pág. 33)
O trabalho desta professora revela-se difícil, mas vai muito além do ensinar/educar a que estamos habituados. Esta professora orienta os alunos a fazerem a sua própria aprendizagem e os afetos estão sempre muito presentes.
«Os meus colegas sempre me haviam considerado uma marginal. Pertencia àqueles que preferem amar e sofrer, o que não é um princípio muito popular na educação.» (pág. 219)
Não aprecio muito o género literário de memórias e testemunhos, no entanto esta história está muito bem contada e aborda temas bastante pesados e complexos. Tive pena de a autora se mostrar tantas vezes autocomiserativa, porque fez um trabalho fantástico, mas dava por si a colocar em questão o seu desempenho inúmeras vezes, o que se torna um pouco aborrecido.
Preparem-se para a narração de uma história real perturbadora e comovente.
«Um comportamento utópico era sempre (…) possível na teoria. Só que na prática, mais vale o conformismo — é menos arriscado.» (pág. 220)
Boas Leituras ❤️