Título: A Culpa É Minha
Autora: Louise O’Neill
Edição: Fevereiro 2017
Tradução: Rui Azeredo
Páginas: 256
Editora: IN
ISBN: 9789896488703
Sinopse
Emma O’Donovan tem 18 anos e é bonita, feliz e confiante. Gosta de usar roupas curtas e provocantes, está sempre impecável e adora ser cobiçada. Todas as raparigas gostam de estar perto dela, e todos os rapazes gostariam de namorar com ela. Até que, numa noite de verão, numa festa, a Emma quer tanto ser o centro das atenções, que só pode ser tudo menos ela própria. E nessa festa há bebidas, e drogas, e rapazes…
E depois dessa noite a sua vida nunca mais voltará a ser a mesma.
Estaria Emma «a pedi-las»? Será que a culpa também foi dela? É isso que todos querem saber.
A culpa é minha, contado na voz da protagonista, arrasta-nos para o centro da ação e obriga-nos a vivê-la intensamente com a jovem Emma. Uma narrativa poderosa sobre os efeitos devastadores do abuso sexual e da humilhação.
Uma história que vai abalar todas as suas certezas.
Opinião
Demorei muito tempo a entrar nesta leitura, não me estava a conseguir envolver. Muitas personagens, muitos adolescentes fúteis e os seus enormes egos, comportamentos irresponsáveis, com a mania que sabem tudo e que se acham melhor do que os outros. Foram muitas páginas disto sem que a narrativa se desenvolvesse.
Estive para desistir um par de vezes, pensei que ia ser basicamente assim até ao final. Mas felizmente melhorou. Tudo muda numa festa com muito álcool e droga à mistura, o mix perfeito para o desastre. É a cena que está mais bem descrita em todo o livro sendo bastante emotiva, revoltante e, ainda assim, não revela tudo. Há muito mais para além das evidências.
É nesta fase que surgem os temas centrais do livro: a violação e o consentimento.
Depois, o bullying e o cyberbullying, a espiral descendente da depressão, o suicídio. E a culpa que se reflete em tudo: família, amigos, sociedade, imprensa, justiça…
É difícil falar da trama sem dar spoiler. Achei a temática muito pertinente, mas pouco explorada. Por exemplo, durante toda a história, a imprensa tomou sempre parte de um dos lados e não passou daquilo. As personagens secundárias não tiveram voz ativa durante toda a narrativa. Todo este conjunto tornou a trama pouco credível.
Achei a escrita muito atabalhoada, sem transição entre passagens narrativas diferentes, muitas analepses, divagações, sentimentos, introspeções, tudo misturado numa amálgama literária. Consegue-se destrinçar todos os momentos que referi antes, mas não abre espaço para que a leitura seja mais atrativa.
O final ficou muito no ar e no posfácio a autora tenta explicar por que optou por esta via. As razões fariam sentido se a história tivesse chegado até nós sem ser exclusivamente na perspetiva da personagem principal. Assim, não veio acrescentar mais nada e ficou a saber a pouco, tal como todo o enredo.
Não tendo sido, no geral, uma má experiência de leitura, também não foi extraordinária. Sinceramente, parece-me que este livro foi, e continua a ser, tão aclamado pela mensagem em si, não pela qualidade da escrita.
Boas Leituras ❤️