Título: Amigo Imaginário
Autor: Stephen Chbosky
Edição: Outubro 2019
Páginas: 864
Editora: ASA | Grupo Leya
ISBN: 9789892346113
Sinopse:
Podemos engolir o medo, ou deixar que ele nos engula a nós…
Kate Reese e o filho, Christopher, estão em fuga. Kate é jovem mas tem já uma longa lista de desaires na bagagem. A única coisa em que nunca vacilou foi no seu amor incondicional por Christopher. É esse amor que a leva a partir a coberto da noite, deixando para trás uma vida em que as boas recordações são raras. Mãe e filho só param quando, por instinto, chegam à pacata vila de Mill Grove. Subitamente, o sonho de um verdadeiro lar afigura-se possível.
E a princípio, parecem ter feito a escolha certa. A vila é pequena e segura, e os novos vizinhos são acolhedores. Mas é então que Christopher desaparece. Durante seis penosos dias, não há notícias dele. E quando reaparece, vindo de um bosque, o rapaz aparenta estar bem. Mas o que ninguém sabe é que ele não voltou sozinho. Christopher traz consigo uma missão e um amigo imaginário – uma voz que apenas ele ouve; o prenúncio da uma tragédia…
Amigo Imaginário é uma obra-prima, fruto de uma imaginação sem limites e de uma profundidade emocional tremenda. Não é apenas um livro de suspense: Stephen Chbosky proporciona-nos uma experiência de leitura extraordinária e inesquecível.
Opinião:
Muito intrigante desde o início, entra-se muito bem na narrativa apesar das questões que se vão agarrando à nossa mente, na ordem do sobrenatural. O facto de as personagens principais serem crianças torna tudo mais apelativo de uma perspetiva da inocência. Tenho sempre algum receio dos finais deste tipo de narrativa que evocam o paranormal. Ou são muito bons ou são extremamente maus, não há meio termo.
A escrita é muito cativante, conta com vários elementos gráficos que normalmente não vemos nos livros (por exemplo, vários tipo de letra, incluindo cursivo, letras maiúsculas e minúsculas misturadas nas palavras, o tamanho variável dos caracteres utilizados), repete várias vezes a mesma frase, a mesma ideia, a mesma letra. Pode dizer-se que o autor brinca com a escrita, faz-nos ter perceção do movimento, do volume das vozes, do arrastar das palavras, permite-nos ter a sensação de que nós próprios nos encontramos dentro da história, envolvidos nela.
Somos confrontados com temas como adição de drogas, alcoolismo, violência doméstica, abuso de menores, bullying, maus tratos infantis e reflexões sobre Deus. O livro presta-se a tudo isto sem sair do seu contexto.
Esta é a primeira metade do livro, que prende, que espicaça a curiosidade, que dá a conhecer as personagens de uma forma tão empática.
E depois tudo muda…
A narrativa torna-se desconcertante descrevendo em demasia os cenários apocalípticos e as tentativas de superação das personagens, umas contra as outras. Entramos numa espécie de submundo onde ficamos presos a situações que se repetem uma e outra vez, de forma exaustiva. Vai esmorecendo o interesse, faz-nos perder a concentração. Quando finalmente parece que vai terminar aquele episódio, ficamos mais duzentas páginas no mesmo sítio, nos mesmos acontecimentos, apenas com pequenas nuances. Parece que nós próprios ficamos retidos na e para a eternidade.
Era este o meu receio inicial. Tornou-se tudo num género de bola de neve que contém em si própria aventura, fantasia e terror em proporções desmesuradas e completamente fora da realidade, que vai rebolando até esbarrar num final expectável e com pouco interesse e emoção. No fundo, retrata nada mais nada menos a eterna luta entre o Bem e o Mal.
Um livro que talvez seja mais apreciado pelo público-alvo a quem se destina: jovens adultos.
Boas Leituras ❤️