
Título: As flores perdidas de Alice Hart
Autora: Holly Ringland
Edição: Outubro de 2018
Tradução: Cláudia Ramos
Páginas: 400
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03062-7
Sinopse
Um romance sobre as histórias que deixamos por contar e sobre as que contamos a nós próprios para sobrevivermos.
Alice tem nove anos e vive num local isolado, idílico, entre o mar e os canaviais, onde as flores encantadas da mãe e as suas mensagens secretas a protegem dos monstros que vivem dentro do pai.
Quando uma enorme tragédia muda a sua vida irrevogavelmente, Alice vai viver com a avó numa quinta de cultivo de flores que é também um refúgio para mulheres sozinhas ou destroçadas pela vida. Ali, Alice passa a usar a linguagem das flores para dizer o que é demasiado difícil transmitir por palavras.
À medida que o tempo passa, os terríveis segredos da família, uma traição avassaladora e um homem que afinal não é quem parecia ser, fazem Alice perceber que algumas histórias são demasiado complexas para serem contadas através das flores. E para conquistar a liberdade que tanto deseja, Alice terá de encontrar coragem para ser a verdadeira e única dona da história mais poderosa de todas: a sua.

Opinião
Gostei muito deste livro de estreia de Holly Ringland.
Acompanhamos a vida de Alice desde pequena até à idade adulta, as suas várias abordagens perante o grande acontecimento que é a vida. Entre encontros e desencontros, entre a culpa e o perdão, entre a violência e o amor, entre segredos e descobertas, entre flores e mais flores ainda, a vida de Alice vai-se desenrolando, desvendando e trilhando o seu caminho.
«(…) a vida acontece para a frente, mas só pode ser entendida para trás. Não é possível apreciarmos a plenitude da paisagem onde estamos enquanto fazemos parte dela.» (Cap. 1)
Uma leitura sobre a violência doméstica vista aos olhos de uma criança, sobre a depressão, sobre as diferenças familiares, sobre a amizade e o amor incondicional. Acima de tudo um livro sobre a superação e sobre mulheres determinadas, para o bem e para o mal.
«(…) nada havia de mais ameaçador do que uma mulher com a cabeça no lugar.» (Cap. 15)
A narrativa divide-se em três momentos cruciais, tendo sido o primeiro o meu preferido, aquele que acompanha a infância e a adolescência de Alice e a importância das flores no seu desenvolvimento enquanto ser humano. Num segundo momento, penso que a narrativa se arrasta um pouco para além do necessário, mas não deixa de ser interessante. O terceiro está demasiado romanceado para o meu gosto pessoal, mas muito bonito. Gostava de ter acompanhado o desfecho de algumas personagens secundárias marcantes que Alice deixou para trás.
«O passado tem uma maneira muito peculiar de fazer brotar novos rebentos. Se não cuidares bem delas, esse tipo de histórias arranjam maneira de criar as suas próprias raízes.» (Cap. 12)
É uma leitura que vale a pena não só pela história que nos é dada a conhecer como pelos vários cenários soberbos onde decorre a ação. Recomendo.
«As flores que nós criamos falam em nome das pessoas que não conseguem exprimir-se através das palavras (…).» (Cap. 9)
Boas Leituras ❤️