Título: As Três Vidas
Autor: João Tordo
Edição Digital: Maio 2018
Páginas: 480
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9789896656126
Sinopse
História de amor, saga familiar, mistério policial, retrato de um mundo que ameaça resvalar da corda bamba, Três Vidas é um dos mais importantes romances de João Tordo, tendo-lhe valido o Prémio Literário José Saramago.
António Augusto Milhouse Pascal vive longe do mundo, num velho casarão alentejano, com os três netos pouco dados a regras e um jardineiro taciturno. O isolamento é quebrado pelas visitas de clientes abastados que procuram ajuda do velho patriarca, em tempos um importante espião e contra-espião, testemunha activa das grandes guerras do século XX.
O nosso narrador – um lisboeta de origens modestas – entra na história quando Milhouse Pascal o contrata como arquivista dos segredos que envolvem os seus clientes. Não poderia adivinhar o rapaz, ao aceitar o trabalho, que este acabaria por consumir a sua própria vida. A partir do momento em que se apaixona por Camila, neta do patrão com sonhos de ser funambulista, que desaparece após uma viagem a Nova Iorque, o destino do narrador enreda-se irreversivelmente nos mistérios da família, partindo a sua existência em três.
Opinião
Esta leitura foi bastante difícil para mim. Não me identifiquei com as personagens, com os temas abordados, com a história em si. Mas não queria deixar ler o Romance vencedor do Prémio José Saramago em 2009.
«(…) enquanto tivermos corpo (…) estaremos sempre demasiado conscientes da nossa presença (…).» (Cap. O Corcunda. Um convite inesperado)
Estamos perante uma saga familiar com início na década de 1980 que se desenrola até aos nossos dias intercalando-se com a História Contemporânea da Europa e com a arte do funambulismo. Pareceu-me tudo muito pouco exequível, aborrecido e o final muito expectável.
«O problema dos casos complexos é que, na ausência de verdadeiros traumas, o seu descontentamento advém da monotonia da vida» (Cap. Um ataque em Lisboa)
A narrativa, ainda que bem construída, não me conseguiu despertar o interesse. Não deixa de ser notável a cultura geral e o processo de investigação do autor para elaborar o enredo. Mas estava à espera de algo diferente. Embora de grande interesse factual, esta miscelânea entre realidade e ficção não funcionou comigo.
«O lugar onde vivemos é o lugar que habitamos em espírito. E, em espírito, nunca regressei. Estou espalhado pelas almas de todas as pessoas que conheci, de todas as coisas que, por lhes ter tocado, modifiquei.» (Cap. A partida)
Um livro cheio de referências literárias que não nos deixam indiferentes: Guerra e Paz, A Montanha Mágica, 1984, O Grande Gatsby, entre outras.
«Gostei de alguns livros e de outros não; alguns aborreceram-me e outros deixaram-me encantado; mas nenhum deles me deixou indiferente.» (Cap. Pesadelos)
Boas Leituras ❤️