Título: Instinto
Autora: Ashley Audrain
Tradução: Gonçalo Neves
Edição: Abril 2021
Páginas: 344
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897841835
Sinopse
Blythe Connor está determinada a ser a mãe afectuosa e solidária que nunca teve. No entanto, no auge dos esgotantes primeiros dias de maternidade, Blythe convence-se de que alguma coisa não está bem com Violet.
Com o passar do tempo, a sensação agrava-se: a filha é distante, rejeita o afecto e revela-se cada vez mais perturbadora. Ou estará tudo apenas na cabeça de Blythe?
O marido diz que ela está a imaginar coisas. Quanto mais Fox ignora os seus receios, mais ela se questiona sobre a sua própria sanidade mental.
Quando nasce o filho mais novo, tudo parece melhorar: Blythe sente com Sam a ligação que sempre imaginou; Violet acalma e parece adorar o irmão mais novo.
Mas, de repente, tudo muda e Blythe não poderá mais ignorar a verdade sobre o seu passado e sobre a sua filha. Onde está a verdade quando tudo tem duas caras?
Opinião
Começo por agradecer à Suma de Letras a disponibilidade para nos enviar um exemplar deste livro que vai dar que falar.
Não foi uma leitura que me tivesse agarrado logo de início pelo facto de a personagem principal, Blythe, estar a revelar a sua versão dos factos dirigindo-se diretamente ao marido, entre frases curtas e pequenos capítulos.
Pareceu-me um livro pejado de constatações sobre a dinâmica daquela família, mas narrado com pouca emoção. Achei que a personagem carecia de mais energia, precisava de se mostrar mais caótica, mais reativa, mais corrosiva.
Em vez disso, deparamo-nos com uma personagem com pouca autoestima, que se humilha a si própria com as escolhas que faz, que não reage perante a brutalidade da realidade que a atinge.
Terá sido esse o objetivo da autora? Afinal estamos a falar de uma pessoa com uma infância traumática e infeliz, cuja mãe em nada corresponde ao estereótipo de amor, de proteção e de segurança que automaticamente associamos a uma mãe.
Uma pessoa que, ainda assim, apesar dos seus receios, quis experimentar o mundo da maternidade. Encarou a gravidez com muita expectativa, entusiamo e felicidade. Mas assim que chega a altura, ainda no parto, começa a entrar em negação.
A narrativa intercala-se entre passado distante e passado recente, entre histórias de mães inaptas e filhas carentes, como se se colocasse a questão “será o instinto maternal, ou a sua ausência, hereditário?”.
Mas rapidamente se percebe que há muito mais para além disso, há uma boa história à espera de ser revelada, porque com a segunda gravidez tudo corre melhor, o instinto está lá. Mas será que está tudo a correr bem?
Como é percetível, tive sentimentos muito contraditórios em relação a Blythe. Senti que ela poderia ter feito muito mais do que fez, mas sozinha, sem apoio, não foi capaz. Tentou iludir-se com os argumentos dos outros, mas acabou (acabaram todos) por esbarrar numa realidade tão sinistra quanto previsível.
Foi uma boa leitura, uma história que abala, perturba, revolta, choca.
Vão gostar!
Boas Leituras ❤️