Título: O Perfume – História de um Assassino
Autor: Patrick Süskind
Edição: Novembro 2009
Tradução: Maria Emília Ferros Moura
Páginas: 276
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722314480
Sinopse
Esta estranha história passa-se no século XVIII e é fruto de um extraordinário trabalho de reconstituição histórica que consegue captar plenamente os ambientes da época tal como as mentalidades. O protagonista é um artesão especializado no ofício de perfumista, e essa arte constitui para ele – nascido no meio dos nauseabundos odores de um mercado de rua – uma alquímica busca do Absoluto. O perfume supremo será para ele uma forma de alcançar o Belo e, nessa demanda nada o detém, nem mesmo os crimes mais hediondos, que fazem dele um ser monstruoso aos nossos olhos. Jean-Baptiste Grenouille possui no entanto uma incorrupta pureza que exerce um forte fascínio sobre o leitor.
O Perfume, publicado em 1985, de um autor então quase desconhecido, foi considerado um dos mais importantes romances da década e nunca mais deixou de ser reeditado desde então, totalizando os 4 milhões de exemplares vendidos, só na Alemanha, e 15 milhões em países estrangeiros. Foi traduzido em 42 línguas. Este fenómeno transformou-o num dos mais importantes livros de culto de sempre. Em 2006, O Perfume passa a ser uma longa-metragem inspirada no romance de Patrick Süskind.
Opinião
Só posso dizer que adorei!
A narrativa tem início numa Paris completamente pestilenta, em 1738, repleta dos mais terríveis odores, onde nasce Grenouille, e é a sua vida que vamos acompanhar desde o início do livro. Este é todo ele marcado por cheiros, uns bons, outros não, escrito de uma forma tão intensa e ao mesmo tempo tão simples que quase nos consegue fazer sentir os mais diversos cheiros que nos são descritos.
«Os seres humanos tinham habitualmente um odor insignificante ou detestável. As crianças tinham um odor insípido, os homens cheiravam a urina, a transpiração e a queijo e as mulheres a gordura rançosa e a peixe podre.» (pág. 51)
«(…) (as pessoas) são estúpidas e ignoram como servir-se do nariz excepto para respirar e julgam poder saber tudo através do olhar (…).» (pág. 189)
Entra-se muito bem na história logo desde o seu início, sentimo-nos constantemente intrigados e curiosos com o desenrolar dos acontecimentos e, como já perceberam, é o olfato que vai guiar a existência da personagem principal.
Senti estar perante uma ode à estupidez humana, tão bem descrita com recurso ao realismo mágico de que tanto gosto. O egoísmo, a falta de empatia e de humildade, o desprezo, os mais diversos tipos de abusos, a megalomania são apensas alguns dos aspetos focados no livro.
«O que eu faço não é obviamente honesto, mas Deus fechará os olhos. Tenho a certeza de que o fará! Ao longo da vida, puniu-me duramente, mais do que uma vez, sem qualquer motivo e seria, assim, perfeitamente justo que agora Ele se mostrasse compreensivo!» (pág. 122)
Não gosto de entrar em muitos pormenores para não revelar demasiado, porque esta é uma leitura que se vai desvendando com gosto. Recomendo!
«Há uma força persuasiva no perfume que é mais convincente do que as palavras, do que a aparência visual, do que o sentimento e a vontade.» (pág. 93)
Tenho de referir que falta algum trabalho de revisão, o que é pena, pois os erros e principalmente, neste caso, a repetição das mesmas expressões distraem bastante.
Boas Leituras ❤️