Título: Pão de Açúcar
Autor: Afonso Reis Cabral
Edição: Agosto 2018
Páginas: 264
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722065993
Sinopse
Em Fevereiro de 2006, os Bombeiros Sapadores do Porto resgataram do poço de um prédio abandonado um corpo com marcas de agressões e nu da cintura para baixo. A vítima, que estava doente e se refugiara naquela cave, fora espancada ao longo de vários dias por um grupo de adolescentes, alguns dos quais tinham apenas doze anos.
Rafa encontrara o local numa das suas habituais investidas às zonas sujas, e aquela espécie de barraca despertou-lhe imediatamente o interesse. Depois, dividido entre a atracção e a repulsa, perguntou-se se deveria guardar o segredo só para si ou partilhá-lo com os amigos. Mas que valor tem um tesouro que não pode ser mostrado?
Romance vertiginoso sobre um caso verídico que abalou o País, fascinante incursão nas vidas de uma vítima e dos seus agressores, Pão de Açúcar é uma combinação magistral de factos e ficção, com personagens reais e imaginárias meticulosamente desenhadas, que vem confirmar o talento e a maturidade literária de Afonso Reis Cabral.
Opinião
Estava à espera de mais, principalmente por tratar-se de um caso verídico.
De início caótico, com muita informação descontextualizada, sem um enquadramento da situação. Percebi depois que se tratava apenas da descrição de um encontro com um dos participantes da tragédia que ocorreu em 2006 num edifício abandonado. Cheguei a achar o autor arrogante.
«Talvez julgasse que pôr a história no papel a tiraria do peito, de onde na verdade ninguém a arranca. Mas isso não lho disse. (…)
Assegurei-lhe que um dia subiria a marceneiro, sem dúvida, mas claro que nunca vai sair daquilo (…).» (Nota Antes)
Numa escrita aborrecida e, por vezes, atabalhoada, com situações e frases desconexas, episódios completamente desnecessários à narrativa que, no meu ponto de vista, em nada serviram para dignificar Gisberta.
«(…) a vida é o que temos e o que gostávamos de ter». (Cap. 16)
Estava preparada para ficar com os nervos à flor da pele, mortificada, acreditei até que iria chorar. Nada disso aconteceu. A escrita é tão banal e o autor focou-se no menos importante: namoros, amizades, passeios, cafés, a vida na camarata. Ficamos a conhecer um pouco da vida de Gisberta, mas faltou ir mais a fundo na questão do assassinato. Teria sido interessante, para além do relato da testemunha, basear a narrativa na decisão do tribunal.
«(…) achei bonito isso de amarmos tanto que até voltamos a quem nos morde.» (Cap. 20)
Pareceu-me tudo muito superficial, sem sumo, com tanto limão que havia para espremer. Estava, porventura, com esperança de estar perante uma homenagem sentida à vítima, o que claramente não aconteceu.
«(…) achei ridículo (…) que o lixo de um fosse o entusiasmo de outro.» (Cap. 4)
Ainda assim, é um livro pequeno que se lê rápido, se quiserem dissipar a curiosidade.
Boas Leituras ❤️