Título: Raízes Brancas
Autora: Bernardine Evaristo
Edição: Junho 2021
Tradução: Miguel Romeira
Páginas: 288
Editora: Elsinore
ISBN: 9789895646050
Sinopse
Um romance premiado, com um enredo provocador, imaginativo e satírico.
Branca, de cabelos loiros e olhos azuis, Doris é capturada ainda criança e enviada da Europa para o Novo Mundo – uma terra distante e desconhecida, situada do outro lado do mar e de onde ninguém regressa. Tal como tantos outros da sua raça que caem nas malhas titânicas do Comércio de Escravos, Doris despede-se do seu nome, da sua língua, da sua terra.
Após sobreviver muito a custo à terrível travessia da rota transatlântica, resta-lhe ser vendida a uma família negra, rica e poderosa, e adaptar-se a uma nova vida de servidão e a uma cultura que não é a sua. Porém, ao contrário de quem já nasce escravo, a rebatizada Omorenomwara sabe o que é ser livre e sonha todos os dias com a fuga.
Quando essa oportunidade finalmente se lhe apresenta, ela não hesita, mesmo sabendo que isso pode significar a morte.
Um romance provocador e irónico que, ao forjar um mundo às avessas onde os escravos são os europeus e os senhores, os africanos, desconstrói a História e a nossa noção de identidade, não poupando ninguém, nem opressores nem oprimidos.
Opinião
A premissa do livro é ótima, aliciante, uma distopia, ao contrário do factual, em que os brancos são os escravos e os negros os amos. São os senhores negros que cometem as maiores atrocidades contra os seus escravos brancos, que os raptam e que lhes retiram todas as liberdades e direitos, que os maltratam.
Durante a leitura, percebemos algumas similaridades com a realidade. Pensei que íamos retroceder no tempo, à época da escravatura, mas não. Esta narrativa é contemporânea, tem lugar algures no nosso tempo, marcada pelo preconceito, pela intolerância, pelo medo e até por outros padrões de beleza.
Dito isto, não consegui entrar bem na história, senti-a algo forçada, encontrei algumas incongruências entre o espaço e o tempo. A linguagem também não ajudou. Todas as personagens deixam de falar na sua língua materna e adotam a linguagem dos seus senhores que, por ser de difícil aprendizagem, não a dominam, o que para nós, leitores, se torna penoso e cansativo de ler.
É de louvar a imaginação para a criação de um mundo novo, que não o nosso, cujo mapa podemos consultar logo no início do livro.
Boas Leituras ❤️