Título: Também Usas o Meu Nome…
Autores: Norbert e Stephan Lebert
Edição: Outubro 2005
Tradução: Margarida Machado
Páginas: 221
Editora: Ambar – Ideias no Papel
ISBN: 9789724309606
Sinopse
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, muitos alemães foram perseguidos e incriminados pela sua colaboração com o regime nazi. Enquanto estes tentaram desculpar-se, os filhos e filhas dos hierarcas nazis tiveram de enfrentar uma realidade de que jamais conseguiriam libertar-se: a sua funesta vinculação ao nacional-socialismo. Todos sofreram e sofrem o peso do seu apelido, que os relacionará por toda a vida com os crimes que os pais cometeram.
A concepção deste livro é excepcional: quando Stephan Lebert descobriu o manuscrito que o seu pai redigira quarenta anos antes sobre os filhos dos nazis, decidiu entrevista-los de novo. «Também usas o meu nome…» é como uma viagem no tempo através de um conjunto de trajectórias, vinculadas, quer se queira quer não, à sangrenta história alemã, por um único traço: os seus nomes.
Opinião
Para quem, como eu, gosta de ler sobre a Segunda Guerra Mundial, vai gostar bastante deste livro.
Trata-se, pois, de um livro de não ficção que explora, ainda que de forma breve, o que se passou com as famílias dos dirigentes nazis depois do final da guerra na Alemanha até ao fim do século XX.
Poderíamos pensar que seria uma pesada herança que estes filhos carregariam aos ombros, mas será mesmo assim? Será que todos eles transportam o estigma do nome consigo?
Nesta obra, encontramos o mais variado tipo de sentimentos dos filhos em relação aos respetivos pais: os que odeiam os pais e tudo fazem para se demarcar desse peso, os que se mantiveram lado a lado apenas por uma questão de decoro afetivo, os que veneram os pais e defendem ferozmente o seu passado…
É difícil aceitar este último enquadramento, mas, após ter um vislumbre de como estas máquinas assassinas eram pais carinhosos em casa, que passavam tempo de qualidade com os seus filhos, brincavam com eles, dou comigo a pensar: como poderia ser de outra forma? Cresceram afastados do centro da ação e só conheceram o lado bom dos seus progenitores. Tento fazer o exercício de colocar-me no lugar dos filhos, mas não consigo…
É muito interessante verificar a evolução destas pessoas que foram entrevistadas pelos jornalistas Norbert e Stephan Lebert, pai e filho respetivamente, com um intervalo de quarenta anos.
Temos também uma breve passagem pelos julgamentos de Nuremberga e o impacto que tiveram nas famílias. Muitas esposas foram detidas com os seus próprios filhos ainda crianças. Gostava de conhecer mais ao pormenor o ponto de vista destas mulheres, as suas vivências, o seu envolvimento, o grau de conhecimento que tinham, o papel que desempenharam dentro e fora do período da guerra.
Se tiverem sugestões de leitura serão muito bem-vindas.
Por último, não posso deixar de falar na revisão de texto, se é que existiu, que está péssima, especialmente ao nível da pontuação. De resto, não sendo uma obra brilhante, está muito bem conseguida ainda que os temas sejam abordados um pouco superficialmente.
Boas Leituras ❤️