
Título: Três Mulheres no Beiral
Autora: Susana Piedade
Edição: Maio 2022
Páginas: 296
Editora: Oficina do Livro
ISBN: 9789896614157
Sinopse
Em plena Baixa do Porto há uma rua icónica com uma fiada de prédios, onde os modos tripeiros convivem com a música dos artistas, a sinfonia das obras, a vozearia dos bares e os bandos de turistas curiosos. É numa dessas casas que vive a octogenária Piedade desde que se lembra e onde tem amigas de longa data. Mas o terror instala-se quando – ofuscados pelo potencial deste Porto Antigo – os proprietários e investidores não olham a meios para se livrarem dos velhos inquilinos, que vão resistindo às suas ameaças como podem, mas começam a sentir na pele as represálias.
Neste cenário tenso e desumano desenrola-se a história de Três Mulheres no Beiral, que é também a de uma família reunida por força das circunstâncias, mas dividida por sentimentos e interesses: Piedade, que trata a casa como gente; José Maria, o filho incapaz de se impor e tomar decisões; Madalena, a neta que regressa com a filha ao lugar onde foi criada para reviver episódios marcantes do seu passado; e Eduardo, o neto egocêntrico e conflituoso que sonha ser rico desde criança e a quem a venda da casa só pode agradar.
Com personagens extremamente bem desenhadas num confronto familiar que trará ao de cima segredos que se pensavam esquecidos e enterrados, Susana Piedade mantém a expectativa até ao final neste romance notável e de rara humanidade que foi finalista do Prémio LeYa em 2021.

Opinião
Susana Piedade nunca desilude!
A nossa casa, mais do que mero abrigo, uma companheira de vida, com quem partilhamos segredos, momentos irrepetíveis, sonhos, sofrimento, saudade. Um livro também sobre a velhice, a solidão, a vida que passa diante dos nossos olhos sem se deter, sem sequer abrandar. As cidades sitiadas por turistas, desenraizadas, onde tudo o que interessa é o dinheiro, o barulho, a diversão fugaz. A forma como lidamos com o luto, a dor da perda, o sofrimento que acalma com o tempo, mas que continua sempre a doer.
É um livro que nos empurra nostalgia adentro, quer seja por uma ou outra situação, vamos sempre identificar-nos com alguma, e onde a morte está muito presente, sempre à espreita.
Com uma linguagem muito bonita e trabalhada a que Susana Piedade já nos habituou, embora despretensiosa, franca. Uma leitura muito dura, impactante, deprimente, incómoda pelos temas que aborda.
É o terceiro livro que leio da autora e de que gostei tanto quanto os anteriores.
Boas Leituras ❤️