Vinte anos depois, a Marcador relança o primeiro livro do autor premiado Joel Neto. «O terceiro servo» foi publicado originalmente no ano 2000. A obra volta agora às livrarias de todo o país, com nova capa, numa edição comemorativa dos seus 20 anos.
Sinopse
Miguel Barcelos, jornalista nascido nos Açores no ano da Revolução de Abril, lê num jornal a notícia do assassinato de um velho amigo. Decidido a investigar o sucedido, parte para os Açores.
A viagem no espaço é também uma viagem no tempo: um longo percurso de confrontação interior. Entre a recordação das relações entre ele e o morto e as divagações sobre si próprio, Miguel confronta Açores e Lisboa, a cidade onde vive na convicção de que triunfou. Mas outras questões se interpõem. Amor, relações sociais, pedofilia, o fim do milénio, a revolução, o futebol, a economia e até mesmo a fúria dos elementos naturais – tudo se mistura, abalando profundamente as convicções do protagonista.
No fim, Miguel opta pelo cómodo caminho da ignorância. À semelhança do terceiro servo da parábola bíblica, prefere fechar os olhos ao desafio que a vida lhe lançou em nome de uma estabilidade falsa, mas imediata. Afinal, o jornalismo é o máximo a que pode ambicionar, o que já por si implica a soma possível de toda a sabedoria e de toda a ignorância do mundo – e sobretudo uma visão desdenhosa sobre o lado superficial das coisas, num impulso de síntese enganador, mas assumido.
Nota do Autor
«Debati-me durante algum tempo com o dilema de reescrever este livro, agora que se assinalam vinte anos sobre a sua publicação original (coincidente com o início do meu percurso literário) e se propiciava uma reedição. Reli-o há apenas alguns meses, e tornaram-se-me logo evidentes as suas assimetrias, as suas dissonâncias e os seus sobressaltos narrativos. Apesar disso, constatei com não menos surpresa que, não contendo tanto do que espero ter ganhado entretanto, se socorre de recursos que perdi ou fui, de algum modo, negligenciando. Parece-me haver nele, pelo menos, uma visceralidade que nem sempre fui capaz de transportar comigo.» Joel Neto, 2020
Boas Leituras ❤️