Volume 3, «Primeiros livros de edificação moral e primeira crónica biográfica»

Volume 3, «Primeiros livros de edificação moral e primeira crónica
biográfica», com coordenação de Aida Sampaio Lemos, António Rebelo,
Ernesto Rodrigues, Maria Antónia Lopes e Porfírio Pinto.

Sinopse:

O volume 3 das Obras pioneiras da cultura portuguesa abre com o
Horto do Esposo, obra de autor anónimo, que marca um momento
fundacional da literatura portuguesa no género da recolha e
compilação de exempla morais. Tendo sido o protótipo em português
dos tratados de espiritualidade, oferece-nos um panorama do que
seriam as aspirações espirituais portuguesas de inícios de Quatrocentos
e constitui, além disso, um precioso testemunho da afirmação da língua
portuguesa nos começos da dinastia de Avis.

Segue-se-lhe o Tratado da vida e feitos do muito virtuoso senhor
infante D. Fernando. Crónica biográfica do Infante Santo encomendada
pelo infante D. Henrique, este Tratado representa os primeiros passos
de uma literatura hagiográfica em vernáculo. A obra foi redigida por Fr.
João Álvares, secretário de D. Fernando e testemunha presencial dos
factos narrados. Nela é relatada a vida do Infante Santo, são exaltadas
as suas qualidades morais e as suas virtudes, é descrita a expedição a
Tânger e o cativeiro em Fez, que biógrafo e biografado partilharam.
Este volume inclui também a obra Ropicapnefma, de João de Barros (o
historiador das Décadas Da Ásia). Trata-se de um texto de prosa filosófica sob a forma de colóquio, dialogado pela Vontade, o Entendimento, o Tempo e a Razão, em que esta última examina os vícios dos restantes, em trânsito
para a Morte. A Razão acaba por concluir pela imortalidade da alma e a existência de prémios e castigos no Além.

A Ropicapnefma foi incluída no Index de 1581, facto a que talvez não sejam alheias a crítica social e a linguagem mordaz, próximas de Gil Vicente, que a obra apresenta. O volume encerra com o Espelho de Casados (1540), de João de Barros, jurista portuense e homónimo do anterior. Primeiro livro impresso na cidade do Porto, o Espelho de casados foi também a primeira obra publicada em português sobre o casamento, as funções do marido e da mulher e o seu relacionamento. Mas o seu pioneirismo não fica por aí: foi o primeiro texto português que se insurgiu contra os detratores das mulheres,
salientando que os defeitos e as qualidades mais dependem das personalidades do que do sexo, ideia que, por si só, era quase revolucionária à época.

Author: Sílvia Reis

Professora de Inglês e Alemão e tradutora é, hoje em dia, mãe a tempo inteiro e trabalhadora multi-funções em part-time. O pouco, muito pouco, tempo livre que lhe resta, é utilizado para ler. Podem segui-la no Blog O Dia da Liberdade, no facebook e no instagram.

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